Faz muito, muito tempo que não vos escrevo. Hoje tenho que escrever. Dentro de mim muitas mudanças. Por vezes algumas faltas de “coragens” mas sempre muita paixão. Talvez grandes mudanças estejam em fase de metamorfose em mim e também no Movimento & Postura que fez em janeiro 6 anos. Por vezes é preciso deixar morrer algo para que novos começos aconteçam.
Uma das grandes mudanças é: Fui mãe! E que maravilhoso que é. Posso até dizer, que ser mãe, além de ser um grande processo de aprendizagem, é também um grande processo de cura.
Tenho pensado faz anos sobre este conceito. Amor incondicional.
E acho que hoje, finalmente tenho um resposta para o que é para mim. Muito já pensei sobre o assunto e até o discuti com pessoas de mente aberta.
Existe a ideia de que amor só é amor se for incondicional. Talvez esta ideia esteja demasiado enraizada devido à codependência que infelizmente tanto existe nas relações e na sociedade. Afinal, que amor será se tiver condições? Mas, hoje ao ler o livro (que recomendo) da Alice Miller – The Drama of the gifted child deparei-me com a minha resposta. Apesar de parecer que amor incondicional é o verdadeiro amor, todos concordamos que, um amor condicional não é saudável e muita vez se torna abusivo. Um adulto não deve amar incondicionalmente alguém que lhe agride, que lhe mente, que não é leal etc.
E esta é a minha resposta:
São as crianças que precisam do nosso amor incondicional.
É lá, na infância que o amor incondicional tem o seu maior papel.
Porque?
Quando nascemos, nascemos com duas grandes necessidades. A necessidade de afeto/pertença e a necessidade de sermos nós mesmos. A necessidade de afeto é a mais importante. Instintivamente um bebé sabe que a vida dele depende disso. Aliás, até a natureza ajuda neste ponto. Os bébés são fofos para ajudar nesta ligação de que dependem. Eles são 100% dependentes então convêm que gostem dele certo? Portanto, SE UMA CRIANÇA OU BEBÉ SENTIR QUE SER ELE MESMO METE EM PERIGO A LIGAÇÃO/AFETO QUE PRECISA PARA SOBREVIVER ENTÃO ELES ANULAR-SE-ÃO.
Perceberam? Podem deixar as dúvidas nos comentários caso não tenham percebido.
É isto. As nossas crianças precisam do nosso amor incondicional para serem elas mesmas. Genuínas a incríveis. Para se tornarem adultos confiantes, sinceros e felizes.
Ao ter amor incondicional ela explorará melhor quem ela é e o seu redor. Terá mais curiosidade, aprenderá mais.
Ao crescer terá amor incondicional por ela mesma porque o recebeu e aprendeu o que é. Pelo caminho, em outra fase do crescimento, aprenderá as suas barreiras para que ama em idade adulta sem permitir que abusem dela.
Agora, será fácil amar incondicionalmente os bebés e crianças? Dizem que só podemos amar como nos amamos… e se não fomos amados incondicionalmente em crianças, talvez teremos que sarar e quebrar cadeias para que o possamos fazer. A nós e aos pequenos.
Amar condicionalmente é o melhor que podemos fazer entre os adultos. Amar condicionalmente não significa ir embora no primeiro problema. Não significa não perdoar. Mas isto é outra história. Uma que eu ainda estou a pensar e a perceber.
Resta-me dizer que: nada é perfeito. Erramos e aprendemos. Até nisto. E desses erros possivelmente resultam traumas que teremos que lidar nós e bom, as crianças. Mas é mesmo assim a vida. Certo?