Decidi partilhar convosco algo que anda dentro de mim faz muito tempo e que me fez deixar de vos escrever com a regularidade que o fazia. Por este artigo ser um pouco mais da minha história, como me sinto e certos acontecimentos, chamo-lhe desabafo 3 ( desabafo 1, desabafo 2). Penso que poderá ser útil para outras pessoas a passar pelo mesmo.
Quando comecei a escrever aqui, queria trazer boa informação em português. A cada livro que lia, artigo que escrevia e pesquisa necessária, também me tornava mais saudável, ia experimentando e a jornada era super interessante.
Tinha uma lista cheia de assuntos para vos escrever. Era o meu hobbie número 1. Antes de ir para o trabalho – lia. Depois do trabalho – lia, estudava, cozinhava receitas saudáveis. Não me arrependo. Não me arrependo de todo! Amo ajudar e para mim escrever-vos era isso. Queria ajudar o máximo possível e sonhei ajudar cada vez mais (spoiler: ainda sonho!).
O que correu mal?
No meio de tantas dietas, todas elas com pessoas bem sucedidas pelo regime. E, no meio de tantas “tendências” comecei a ficar tensa. No meio de tantos alimentos saudáveis, que curam e ainda assim tanto não saudável no dia-a-dia da nossa sociedade…
Queria fazer tudo bem! Além de querer isso para ser mais e mais saudável também o queria para vocês – queria ser o maior exemplo. E claro, queria em todos os aspetos do que a saúde é (holística). Para isso eu queria:
- Acordar sem despertador para o meu corpo descansar o que necessita;
- Acordar cedo para não destabilizar o meu ciclo circadiano (Entre as 5h e 7h da manhã);
- Ao acordar fazer o dia valer começando por meditação, escrita dos valores pelo que vivo, escrever as prioridades do dia, escrever o diário para manter-me consciente, fazer sentenças para manter e/ou melhorar a minha auto-estima, exercitar pelo menos meia hora e cozinhar o almoço para que no trabalho comesse algo o mais fresco possível e que fosse saudável;
- Não comer comida processada e em vez disso comer tudo orgânico, se possível de fornecedores locais;
- Não comer açúcar de nenhum tipo exceto mel se fosse cru;
- Não beber café;
- Não comer glúten NUNCA;
- Comer o que precisamos de fibra mas sem comer demasiada fruta. Por isso comer muitos vegetais. MAS, dentro dos vegetais, nada de feijões por causa do ácido fítico. MAS, nada de vegetais da família do tomate (nightshade) por causa de conterem alcaloides. MAS nada de crucíferos crus por causa da tiroide. MAS, MAS, MAS;
- Não comer cereais também por causa dos antinutrientes;
- Nada de laticínios de vaca por causa das hormonas e da caseína;
- Suplementar por causa das deficiências do solo;
- …
A lista continua… Cheguei ao ponto de deitar às 9:30 da noite para o meu corpo acordar sozinho pelas 6h (porque o meu relógio é certo ao ponto de rondar sempre as 8:30 de sono). Das 6h às 8h fazia a minha rotina de escrita, meditação…etc e pelas 9h estava no trabalho. Queria tanto fazer tudo bem que não me sobrava tempo ou energia para mais nada e criava-me S.T.R.E.S.S ! Eu deixei de fazer certas atividades sociais por saber que não conseguiria comer saudável nelas. Estava no hustle mas cheia de stress e o síndrome do impostor a crescer mais e mais.
Síndrome do impostor
Perguntam : o que é? Eu queria fazer tudo bem mas, na minha cabeça não fazia. Ou porque ia para a cama e não conseguia adormecer e sabia que por isso ia acordar mais tarde. Ou porque não tinha tido tempo no fim-de-semana de comprar comida orgânica. O conhecimento que tinha já era tanto que via aspectos negativos em quase todas as comidas. Agora percebo que o conhecimento que tinha ainda não era nada, nem é! O síndrome do impostor é quando fazes algo e sentes ou pensas que por algum motivo não mereces estar a fazer por não estares a ser 100 % certo com aquilo. Foi por isso que comecei a escrever menos para vós. Sentia que para o fazer tinha que fazer aquelas coisas todas. Se queria dar um passo em frente – começar a fazer palestras, consultas etc – tinha que fazer TUDO bem.
O sentimento era tal que começou a gerar receio de ser julgada e, se por acaso ia a um encontro e comia um croissant pensava : se alguém estiver a ver, vai ver que afinal não como tudo saudável.
Outro grande motivo era a minha própria saúde. Talvez já tenham lido artigos em que falo disto mas, deste que parei de tomar a pílula em 2014 que tenho acne. Não é severo mas, quase sempre com1,2,3 borbulhas novas por semana o que, ao fim destes anos todos faz com que tenha marcas. Estou a ser tão vulnerável aqui! Tenho esforçado por resolver de forma natural mas ainda não estou 100% ok. No processo já descobri imenso mas ter isto na cara fazia-me sentir Não Merecedora de ser o que sou aqui : praticante de saúde natural, escritora, life coach etc.
Alguém me disse que só passaria com medicação mas sabendo o que faz ao nosso interior (a medicação) evito. Evito ao máximo, só usando em caso de urgência – felizmente desde fim de 2015 que não necessito de qualquer medicação.

Por isso tudo enfraqueci.
E Não me interpretem mal.
Eu aprendi e desenvolvi muito nesse tempo apesar do stress e deste sentimento todo. Aprendi disciplina porque tinha sucesso e fazia/vivia muito o que coloquei na lista anterior. Lembro que em certos momentos duros da minha vida foi essa disciplina, vontade e trabalho (hustle) que me fez não desmoronar completamente.
Acredito que a vida é feita de ciclos e, foi graças ao empenho, disciplina e paixão que tinha pela saúde e auto-desenvolvimento (uma parte de saúde para mim) que me mantive. Me permiti chorar sofrer e levantar.
STRESS
Dizem que o stress mata e é verdade. Conheço casos de pessoas com a saúde física literalmente debilitada por causa do stress. Acreditem, o stress é a fonte número 1 para problemas de saúde. Um dia, hei de vos escrever sobre adrenal fatigue – em português é algo como fatiga das adrenais – as glândulas que existem em cima dos nossos rins e que fazem com que o stress não nos torne doentes.
Felizmente um dos livros que li chamado dieta tipo metabólico ensinou-me que as pessoas são diferentes a nível metabólico. Enquanto que uma pessoa precisa de muita proteína outra pode não precisar de nenhuma ou quase nenhuma. E mesmo uma pessoa pode mudar consoante o sítio onde está e até na fase/ciclo em que está.
Aprendi que o histórico da pessoa conta e isso altera a predisposição para lidar com stress e ter saúde. Falo-vos do motivo pelo qual certas pessoas podem beber álcool e não terem graves problemas enquanto que outras ficam doentes ao comer um morango com pesticidas.
DESCOMPLIQUEI
Ao entender que todos somos diferentes e que o stress é real, comecei a descomplicar e pensei: deixo pra lá. Eu não tenho que ser vegan para ser saudável. Se outros vão pensar que tenho, problemas dele. E esse sentimento começou a fluir e continuava sem escrever agora por um sentimento diferente. Era mais indiferencia. Eu não tenho que seguir as normais x ou y para ser saudável quando o meu corpo me diz z. Em vez de escrever sobre isto…deixei passar.
Algo que surgiu durante este tempo de auto-reflexão, foi que a música é a paixão que nasceu em mim. Saúde cresceu em mim, música nasceu em mim (SARDICO). E foquei-me na música e em mim. Sem escrever para não ser julgada por não seguir dietas que parecem mais religiões e para não me sentir o síndrome de impostor.
Fui egoísta! Ao não escrever para vós. Eu amo crescimento. Amo ser e estar ativa. E sabem porque? Porque sou grata pela vida que me foi dada. Nem pensar em desperdiçá-la. Nem pensar em dizer : nunca mais é fim-de-semana. Nem pensar em dizer : vai andando, ou mais um dia se passou. NÃO!
Saúde holística e natural é real SIM! Mas, nada, nada faz sentido se for criar STRESS. Cada um de nós tem o seu tempo. Cada um de nós tem as suas necessidades e a sua saúde. Talvez uma pessoa com dores de ossos deva mesmo parar de vez com o glúten mas eu possa de vez em quando.
O importante é comer comida real, inteira. É escolher mel ou açúcar de cana em vez do açúcar branco. É sim, não beber por norma visto o álcool ser um alimento processado e vazio de nutrição mas num encontro beber um pequeno licor de amêndoa sem me sentir culpada.
E agora vou deixar de ser egoísta porque sei como ajudar. Sei que uma pessoa com diabetes pode beneficiar de uma dieta vegan durante algum tempo. Mesmo sem diabetes, se a pessoa for do tipo metabólico tropical. Sei que muitas pessoas são tratados para hipotiroidismo quando na verdade tem doença de hashimoto. Sei que muitas pessoas são doentes por falta de liberdade e por stress e eu não vou ser uma dela. Por isso eu sigo a minha vida e a minha saúde, posso ajudar quem quiser basta me contactarem. Se me vires a beber um café num bar e quiseres julgar: força. Eu estou a ajudar-me mas sem o stress de ser vista ou perfeita. Quero honestidade, dar o que tenho e posso.
Só está aqui quem quer. Todos são bem-vindos.
Uma coisa é certa – soja é que não. Um dia escrevo sobre isso 😉
@Ana.