Houve uma altura, em que se descobriu na ciência da psicologia que muito do que somos, somos por causa dos nossos pais. Isto inclui o bom e o mau. Descobriu-se que carregamos para a nossa vida adulta medos, traumas e hábitos que pertencem a eles e a partir daí começou a haver uma grande vaga de terapias sobre o que aconteceu na nossa infância. O objetivo era ter acesso a memórias menos boas da infância. Momentos que nos magoaram e que formularam crenças erradas para em consciência mudar (bom objetivo!).
É importante desmistificar o mito de que “teve uma boa infância”. Porque tal como não existe uma idade adulta sempre boa também a infância não poderá ter sido 100% só bons momentos. Existe sim, muitas memórias de situações que nos magoaram em criança que precisam ser trabalhadas para crescermos e aprendermos a não fazer o mesmo. Também como crianças absorvemos os maus hábitos dos nossos pais como por exemplo se os pais fumam é muito mais natural que a criança cresça e fume – para ela será natural.
Não vos quero chocar. Eu tive uma infância abençoada mas assim como a minha adolescência e até agora, tenho desafios e momentos que criam marcas. O Ricardo Araújo costuma dizer que viver aleija e é verdade. Só assim podemos crescer.
Continuando a cronologia,
Após esta descoberta e com as pessoas a terem acesso a mágoas tão profundas como quando eram bebés, o que é um processo difícil mas importante para a cura, houve e ainda há uma culpabilização adulta de que se os pais tivessem feito x ou y tudo seria diferente.
Finalmente, após esta culpabilização criou-se uma geração de pais que agora conscientes mas extremamente cuidadosos puseram a disciplina e valores de lado por medo de magoar.
Eu ainda não sou mãe e por isso não passei por esta última fase do ciclo ainda mas, passei pelas outras inclusive a de não ter tido uma infância de ouro. Tudo na vida é um ciclo, a vida por si é um ciclo e quando aceitas isso aceitas que os teus pais lutaram para serem os melhores pais que podiam e conseguiam, que tu chegaste ao mundo como um desafio para eles e eles errarem e melhorarem com o tempo se fizeram ativamente par isso. É o ciclo deles e o início do teu ciclo. Tudo se interliga.
FAQ! (Perguntas frequentes)
Não podia ter sido tudo mais fácil?
Em laboratório provou-se que os ratos que vivem em ambientes super protegidos e que tem tudo o que precisam são tão frágeis que morrem a qualquer adversidade.
Na crença da reencarnação pensasse até que a nossa alma escolhe o seio familiar onde precisa de nascer para passar pelos testes que precisa nesta vida. Para aprender o que ainda não aprendeu.
Traumatizado. E agora?
Em idade infantil nós somos esponjas. Absorve-mos tudo a mil à hora. E absorvemos daqueles que mais próximos estamos. Os primeiros sete anos da tua vida são os anos em que programas o teu ser : tua forma de pensar, ver o mundo etc. Tudo o que acontece nesse período fica contigo para a vida se não reprogramado.
Eu sei, existem níveis de más experiências. Este artigo NÃO É um passar um paninho quente na tarefa dos pais mas uma chamada de acção para o, e agora?
Agora podemos nós tomar as rédeas da nossa vida e mudar!
Se a tua mãe era controladora e te tornas-te uma mulher controladora – tu podes mudar!
Se o teu pai te ensinou que procurar ter uma vida com abundância e dinheiro é pecado – tu podes mudar!
Habilidades são aprendíveis. Crenças são alteradas. Hábitos são substituíveis.
Tudo uma questão de perspectiva e trabalho
Não quero menosprezar a dor que se possa sentir. Lembram-se da cronologia/história que vos falei no início do artigo? Há realmente infâncias com questões muito sérias como abusos sexuais. Isso é uma violação à vida.
Diz-se que reprogramar leva tempo, consistência e resiliência. Diria que é bastante verdade – desenvolvimento pessoal é um caminho de vida mas por vezes é tão rápido.
O Jim Rohn dizia que quando mudas o teu pensamento do mundo, o mundo muda para ti. – Eu assino. Tem mudado e vai mudar ainda mais porque tenho poder na vida.
Pais, Isto não é uma desculpa
Não é uma desculpa para não cuidarem
Não é uma desculpa para não darem amor, compreensão, boa nutrição e comida e tempo.
Ao contrário do que está muito a acontecer que é pais com medo de fazerem tudo mal, trabalhem em si mesmos. Sejam o exemplo mostrando que falham e depois mostrarem o progresso. Não vivem pelo medo e isto é um mandamento de vida! Trabalhem a vossa auto-estima e olhem para os vossos filhos como pessoas. Importem-se e vejam-nos.
Neste site encontram material para começar a jornada. Em artigo como Entrevista Vasco Daniel – AlQimia, Codependência, Amor e liberdade, Postura e Equilíbrio muscular, A mentira da Gordura Saturada. Ou a lerem outros bons sites e livros , alguns exemplos em : Livros 2018, Livros de 2017, Livros 2016.
Filhos, Isto não é desculpa.
Quando comecei a saber deste tema e a ler foi a mesma altura que comecei a fazer bioenergéticos ou exercícios de zona (Paul Chek) . Durante estes exercícios – posso escrever mais sobre isto se desejarem – muitas emoções passadas vieram à tona. É importante expressar e quando não o fazemos o nosso corpo retêm a tensão durante anos podendo mesmo vir a tornar-se problemas de saúde física. Por isto, é importante expressar e libertar tensões de emoções passadas. O engolir o sapo pode ser muito mais prejudicial do que uma boa partilha ou até uma discussão saudável.
Eu, falei e falo com os meus pais, irmãs etc quando sinto que é uma emoção que tenho em mim à anos. Digo-vos que é libertador. Poder expressar que a dita pessoa me magoou tira-me um peso enorme no corpo e na alma.
Como filhos, não nos devemos agora aproveitar. Nada de jogos mentais do fizeste-me x quando eu era mais nova agora tens que te redimir a fazer y. Não. Não pais. Não filhos. Não adultos e adolescentes. E se existe este comportamento deve falar-se sobre culpa.
Conclusão
Sim, em crianças passámos por situações menos boas que nos fizeram criar medos e barreiras tremendas. Formaram o que somos hoje e o que muita das vezes não nos permite avançar para a vida que queremos e sonhamos. Sim, os nossos pais não foram/ nem são perfeitos e falharam, perderam a paciência várias vezes, abandonaram-nos outras e infelizmente alguns abusaram do poder que tinham. Talvez nós lhes tenhamos trazido o maior desafio da vida deles.
Agora o poder está nas nossas mãos. Como adultos podemos mudar o que desejamos e se em criança não éramos responsáveis agora somos. Está nas nossas mãos.
@Ana. Sejam saudáveis.