Se não leste a primeira parte podes aceder aqui – A história da pílula |Parte 1.
Porque é este assunto importante ao ponto de disponibilizares este tempo de leitura?
A pílula é o único fármaco que se toma sem que a pessoa tenha uma patologia e está no dia-a-dia de muitas mulheres e dos seus próximos. Sendo um fármaco tem, como todos, efeitos no nosso corpo e saúde. Neste caso, a pílula trabalha e altera o sistema hormonal que,
É o sinaleiro do nosso corpo, iniciando e cessando ações como dormir ou ter energia, estar quente ou frio (consoante a temperatura externa), absorver mais ou menos nutrientes (consoante a necessidade do corpo).
Por isto, a pílula pode causar:
- Depressão;
- Problemas na tiroide;
- Absorção ineficiente dos nutrientes;
- Alteração da flora intestinal ;
- Doenças autoimunes;
- Stress oxidativo;
- Morte repentina ( é verdade, ouvi várias histórias e pais que foram indemnizados pelas marcas das pílulas);
- Infertilidade;
- Baixo desejo sexual;
- Ansiedade;
- Enxaquecas:
- Etc.
Portanto, perceber a história deste fármaco parece-me importante e pode mudar a tua visão sobre ela.
(continuação do artigo Parte 1)
O terceiro motivo pelo qual as mulheres se sentiam à parte da sociedade e super ansiosas para controlarem a sua fertilidade é: o trabalho. Com o “trabalho” como mãe e mulher a ser tão desvalorizado ( a menstruação e alterações hormonais eram vistas como doenças e a gravidez como causa da pobreza no mundo), as mulheres cada vez mais queriam e necessitavam de ter os mesmos cargos que os homens por exemplo nas fábricas (tempo da revolução industrial) de forma a serem vistas como iguais na sociedade.

Ao pesquisar na net, a primeira impressão que se tem é que a história é contada apenas como aconteceu nos Estados Unidos e o quão as mulheres a receberam bem e lutaram contra quem as proibia de usar. Mas, a história de algo vem de quando se formou e depois sim, como se propagou. Por isso, pesquisei muito até chegar à verdadeira história da pílula hormonal.
A história
Apesar de sempre as mulheres quererem prevenir gravidezes indesejadas (pelos motivos acima referidos) nunca um método foi tão eficaz. A pílula contraceptiva hormonal tem uma eficácia quando bem tomada de 99%. Porquê? Porque impede as mulheres de ovularem.
Ela foi descoberta por cientistas nos tão conhecidos experimentos macabros da segunda guerra mundial. O objetivo era esterilizar as mulheres nos campos de concentração para eliminar a raça – eugenia.
Lá, as hormonas não vinham na forma como a conhecemos hoje (comprimido) mas foi lá que se testou o que era mais eficaz e quais as hormonas sexuais capazes de impedir a reprodução dos judeus. Como todos as invenções, os fármacos precisam de ser testados, e a pílula precisou mas não aconteceu em animas, foi em humanos mesmo.
Nos campos de concentração havia outras técnicas para esterilizar as pessoas e estima-se que cerca de 400,000 pessoas foram esterilizadas à força (homens e mulheres). As técnicas iam de injeções e químicos na comida (hormonas) até utilizar radiação. Não se sabe ao todo quantas pessoas morreram nestas experiências mas estima-se que serão de centenas a milhares. Muitas delas também desenvolveram cancro do colo do útero ( será que tomar hormonas sexuais aumenta o risco? ).
No entanto é Carl Djerassi que é considerado o pai da pílula contraceptiva. Ele era imigrante vindo da Áustria e chegou aos Estados Unidos por volta de 1939 (ele também era judeu). O desenvolvimento da pílula como a conhecemos está datada a 1951 e foi primeiro oferecida e dada no México.
Há que acrescentar aqui que a guerra terminou em 1945 e os relatórios das experiências que vos falei ficou portanto com os aliados, entre eles os Estados Unidos. Não foram só os relatórios que ficaram nas mãos dos Estados Unidos, os próprios cientistas foram levados para lá pois eram grande cabeças e acabaram por trabalhar em locais como por exemplo a NASA. Este acontecimento teve o nome de operação papelclip.
Em seguida, entra na cronologia outra personagem que vos falei na parte 1 – Margaret Sanger. Ela foi considerada a mãe do planeamento familiar e foi ela que abriu a primeira clinica para controlar a natalidade (1916) . A sua missão era acabar com gravidezes indesejadas e por isso viajou o planeta inteiro a fazer propaganda inicialmente para controlar a natalidade e depois para dar a conhecer a pílula.
Quero deixar aqui algumas das frases ditas por elas e cada um que julgue.
“O ato mais misericordioso que uma família grande faz a um bebé, é matá-lo”
“Nenhuma mulher devia ter o direito de gerar uma criança, nem um homem de ser pai sem antes ter uma permissão do estado para tal.”
“Nós não queremos que a palavra se espalhe de que nós queremos exterminar a população negra” — Carta para o Dr. Clarence J. Gamble, December 10, 1939, p. 2
Tanto Margaret Sanger partilhava de ideais eugenistas como hitler e os nazistas.
Em suma:
No fim disto tudo pergunto-me : É liberdade ter que tomar um medicamento com tantos efeitos colaterais, que mete a saúde em risco e que nos separa da nossa natureza? É isto ter puder?
“E se as mulheres não se adaptarem ao sistema mas decidirem mudá-lo, começando por voltar a se sincronizar com os seus corpos?”- Chris Knight
@Ana. Estou feliz e grata que o ciclo menstrual não seja mais considerado doença. Estou grata por puder trabalhar e ter voz para chegar a vocês. Agora desejo é que mulheres percebam que não precisam ser como os homens para isso e para terem valor. Grata também pela tua leitura até aqui.
Algumas referências:
Dr. Kelly Brogan – Psiquiatra Norte-Americana – Artigos desta autora sobre a pílula;
Grigg-Spall, Holly – Sweetening the pill: Or How we got hooked on Hormonal Birth Control, 2013 ;
A mulher no corpo: um re-encontro com Emily Martin;
Hormone used by Nazis on prisoners is studied for effect on children’s intelligence;
Nazi Sterilization Experiments;
Carta para o Dr. Clarence J. Gamble, December 10, 1939;
The Dark History of Hysteria.