Tenho sido uma pessoa que não concordava com “dietas” e restrições alimentares. Agora que decidi ir mais fundo acredito que há para cada pessoa uma dieta específica. Digo dieta – regime alimentar. E que crescer significa também ouvir o nosso corpo para conhecê-lo e dar-lhe o que necessita, fazendo com que a balança esteja equilibrada e deste modo estejamos saudáveis.
O glúten é banal e famoso. É banal porque se encontra na dieta da maioria da população e não vêm de agora, nossos avós, os meus alentejanos avós comiam pão com pão quando a fome e a falta de dinheiro perseverava. Famoso porque desde um tempo para cá que se ouve que o glúten não é assim tão nosso amigo e que nos tira a fome, mas dá-nos uma infortuna consequência. Muitos acreditam que isto é só “mania das dietas” mesmo antes de experimentarem tirá-lo da sua dieta. Eu com apenas seis meses de vida já comia glúten e como nunca tive doenças graves, tinha certeza que não poderia ser celíaca nem intolerante. Decidi experimentar e ler boa documentação sobre o assunto…

Descobri que o trigo de hoje, não é o trigo inicial. A planta foi alterada e alterou-se. Começando pelo que é o glúten escrevo que é uma composta rede de proteínas (maioritariamente gliadina e glutenina) que alguns cereais como o trigo, cevada, bulgur têm. Tem um efeito tipo cola e é por isso que se usa a sua farinha para juntar ingredientes nas massas etc. No intestino a sua absorção pode ser um trabalho demasiado dispendioso.
Ao contrário do que pensava o glúten não afeta somente o intestino como vários órgãos- pele, coração, ossos, tiroide, cérebro e juntas. Pode não se ter nenhum sintoma intestinal de intolerância e ser-se. Porque isto acontece? Mimetismo molecular. Termo dado para quando uma molécula é estruturalmente muito parecida a um antigénio no nosso organismo. Isto explica uma resposta autoimune ao glúten, como a transglutaminase, uma enzima que também é um antigene ósseo.
O glúten é, portanto, e por vários motivos confuso para o nosso corpo, atuando de forma lenta e causando em muitos infeção silenciosa. Como numa gravidez pode haver falsos negativos também técnicas de diagnóstico falham. Uma pessoa pode fazer teste para intolerância ao glúten, só testando x e o problema estar em Y.
A restrição do glúten é um compromisso para a vida, diminuir o seu consumo já é um bom passo. É como um pequeno veneno que uma vez, numa dose não letal não aparenta problema, mas vai criando injúrias e só quando um órgão entra em falência é que percebemos que estamos doentes. Nem todos os produtos livres de glúten (Glúten free) são uma boa opção pois a maioria são comida processada. Em vez desses produtos podemos usar outros cereais, sem glúten. Fazer as próprias experiências de culinária pode ser muito excitante e uma boa terapia antisstress (GlútenFree com paixão).
O assunto é de extrema importância e sendo difícil o diagnóstico pode ser a causa de muitas doenças modernas. Tratar os sintomas mortais é necessário e atuar na causa é obrigatório.
Eu experimentei. Sinto-me mais leve, ainda não tenho muitos detalhes do que a experiência possa vir a ser. Só sinto ser difícil a pressão que existe na sociedade onde tudo e em todo o sítio existe glúten. Sei que isso me torna mais forte e decidida. Sinto-me inspirada por pessoas que falam do assunto e vivem uma vida sem glúten.
@Ana.
Nunca me tinha ocorrido que até o trigo pode não ser “O” trigo de sempre. Não sou muito conhecedora da dieta sem glúten, por isso não é fácil para mim combinar sabores e alimentos sem glúten. Assim, deixo um pedido: que tal uma pequena lista/sugestões de alimentos sem glúten para malta pouco conhecedora como eu? 🙂
Bom post!
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Daniela, decidi escrever o que pediste. Fica atenta. beijinho
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